Estamos abrindo mais um espaço na Ilha que abrigará textos diversos.
Para iniciar essa nova etapa, segue um texto de Wilton Garcia, a quem tenho um forte apreço.
N Ã O
Acabo de receber mais um NÃO da vida!
Literalmente, um toco. Uma experiência que deixa marcas profundas, porque ninguém quer lidar com a derrota ao se expor em uma ou outra avaliação tempestiva das estrelas desgastadas - pra não dizer decadentes. São medalhões despedaçados pelo tempo e a hipócrita realidade de se proteger como cães famintos que destroçam uma pequeno pedaço de osso velho.
Procurei na vida mais sabor, mas parece que a oferta é bastante ácida. Embora, ainda pretendo acreditar nos entornos...
E se a gente espera, quase sempre, receber um sim, esqueci que a vida não se faz só de vitórias, flores. Tem também as adversidades (as diferenças) para que a gente possa crescer. Portanto, fiquei um pouquinho mais alto (e/ou mais largo, claro) por alcançar esse NÃO.
Isso representa uma ferida, que como um golpe na boca do estômago atinge muito mais que o corpo, atinge a alma. Uma ferida em carne viva exposta em praça pública - na dita cidade do conhecimento, com seus eleitos. Trata-se de um evento desagradável porque não é fácil digerir - angustiante.
Remexo minhas memórias para tentar buscar no outro um grau de relação mínima entre ações de humanidade e valores perdidos em sua caixa-preta. Fico a pensar no que concerne a postura das pessoas quando se faz valer de uma inevitável crítica, exclusivamente, a seu favor. Há um jogo desleal na roda da vida que provoca atropelos e desassossegos.
Diante de tamanho absurdo, faço a passagem para a primavera. Lanço-me para vida nova!
Deixo pra trás alguns valores: verdades, crenças e/ou mentiras. Vasculho os móveis do apartamento - tirar junto com a poeira - aquilo que não mais me interessar. Mudei o rumo do barco - a proa está para o norte azul. Vou-me embora para Parságada, lá sou amigo do rei!
Wilton Garcia.
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